Por Lulu Sangiovanni
O Cine Santo Antonio foi o cinema que marcou época em Poções. Fisicamente, demarcava o final da parte larga da atual Av. Olímpio Rolim com o início da Rua Apertada, que era um funil até chegar na subida da Igreja. Além da exibição de filmes, vários artistas famosos se apresentaram no seu palco, a exemplo de Agnaldo Timóteo, Nelson Ned, Mauro Figueroa, Nelson Gonçalves e tantos outros. O Santo Antônio era administrado por Nicola Leto e Seu Vavá.
Era o tempo da transição do preto e branco para o colorido. Os cartazes dos filmes ficavam na praça. Quantos letristas tiveram a chance de desenvolver suas artes nos cartazes – quem não se lembra de Dida, Pinho, Bartola e Tena?
Além de obras de artes, os cartazes destacavam filmes famosos como O Dólar Furado (Giuliano Gemma), El Dorado (John Wayne – a gente lia Jovane), Ladrões de Bicicletas (de Vittorio de Sicca), Tarzan (de Edgar Rice Burroughs com Johnny Weissmüller), Maciste (Bartolomeo Pagano), Quo Vadis (Robert Taylor), Dio Come ti Amo (Gigliola Cinquetti) e tantos outros como Ursus, Hércules, Sansão e Dalila, O Mágico de Oz, sem contar os filmes da Paixão de Cristo exibidos na semana santa. Em um dos cantos do cartaz sempre estava escrito – Technicolor ou Cinemascope – o sinal do avanço tecnológico.
Normalmente, de segunda a sábado, as sessões eram apenas a noite – a chamada soirée. Domingo e feriado tinha também a matineé, onde muita gente aproveitou para começar a namorar naquela parte de cima que era chamada de camarote.
Falar de cinema em Poções, eu não posso esquecer Fidélis Sarno, o de Boa Nova, pela insistência na criação de estabelecimentos modernos a exemplo do Cine Jóia (onde hoje funciona o Bradesco) e Geraldo Sarno, um dos maiores cineastas brasileiros.
Do outro lado, na platéia, figuras marcantes como Lino Carregador e Seu Dôca viviam as cenas como se fossem reais. Mas acho que Luiz Schettini Barbosa, o Luiz Bosteiro, foi o mais importante deste segundo grupo. Apesar de não ser artista, nem fundador e cineasta, foi o responsável pelas maiores “artes” dentro do Santo Antônio. Um dia, a gente se encontrou na festa do Divino e ele contou algumas das muitas estórias engraçadas. Uma delas era sobre as legendas vivas.
Naquela época, antes do filme, era costume passar o jornal com as notícias da Luiz Severiano Ribeiro e os gols do Canal 100. A mesma fita passada na matineé era passada na soirée. Luiz assistia as duas sessões e gravava as imagens na cabeça. À noite, casa cheia, ele soltava as legendas.
Na primeira cena, o avião do presidente Castelo Branco chegava de uma viagem e a porta do avião se abria, aparecendo a imagem do presidente e, instantes depois, acenava para os que estavam em terra. Luiz aguardava a imagem do presidente e antes do aceno, gritava: “e aí Castelo, não vai falar com os pobres?. A mão do presidente acenava e a galera no cinema era um riso só.
Na segunda cena, já no meio do filme, Hercules fugia da perseguição de soldados dentro de um túnel. Ele para, olha para trás e continua a correr. Luiz fez a cena assim segundos antes da parada de Hércules, gritando bem alto: “Hércules, Hércules.....” depois que o artista para, ele volta a gritar: “Não é nada não, pode ir, pode ir...” Mais uma vibração do público.
Parte da história do cinema em Poções pode ser contada com passagens engraçadas como estas de Luiz e, sem dúvida, dos comportamentos de Lino e Dôca. Registro a lembrança do extinto cine Glória como uma evolução da época e o fim de um tempo substituído pelo vídeo-cassete e, mais recente, o DVD. Distante de um cinema, Poções pode contar com a contribuição do Tela em Transe para ter um cinema definitivo ou criar personagens como os citados acima.
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segunda-feira, 30 de maio de 2011
quinta-feira, 19 de maio de 2011
Cineclube exibe O Discurso do Rei neste sábado
O Discurso do Rei (Inglaterra, 2010), vencedor do Oscar de melhor filme em 2011, será exibido na próxima sessão do Cineclube Tela em Transe, que acontence neste sábado (21), às 19h30, na Câmara de Vereadores, com entrada franca.
Sinopse
Com atuação brilhante de Colin Firth, no papel do rei George, o Longa-Metragem, dirigido por Tom Hooper, aborda o tema da gagueira tendo como pano de fundo a realeza britânica.
Sinopse
Após a morte de seu pai, o rei George V (Michael Gambon) e à abdicação escandalosa do Rei Eduardo VIII (Guy Pearce), Bertie (Colin Firth) que sofreu de um problema de fala debilitante toda a sua vida, de repente é coroado rei George VI do Inglaterra. Com o seu país na beira de uma guerra e precisando desesperadamente de um líder, sua esposa, Elizabeth (Helena Bonham Carter), a futura Rainha Mãe, manda o marido para se consultar com um excêntrico terapeuta da fala, Lionel Logue (Geoffrey Rush).
Depois de um começo difícil, os dois embarcam em um tratamento pouco ortodoxo e, eventualmente, formam um vínculo inquebrável. Com o apoio de Longue, sua família, seu governo e Winston Churchill (Timothy Spall), o Rei vai superar sua gagueira e proferir o seu mais importante discurso no rádio, inspirando o seu povo e os unindo para a iminente batalha contra os alemães na Segunda Guerra Mundial.
Baseado na história real do rei George VI, O Discurso do Rei segue a busca do monarca para encontrar sua voz.
Depois de um começo difícil, os dois embarcam em um tratamento pouco ortodoxo e, eventualmente, formam um vínculo inquebrável. Com o apoio de Longue, sua família, seu governo e Winston Churchill (Timothy Spall), o Rei vai superar sua gagueira e proferir o seu mais importante discurso no rádio, inspirando o seu povo e os unindo para a iminente batalha contra os alemães na Segunda Guerra Mundial.
Baseado na história real do rei George VI, O Discurso do Rei segue a busca do monarca para encontrar sua voz.
Fonte: Cinema 10
http://cinema10.com.br/filme/o-discurso-do-rei
terça-feira, 10 de maio de 2011
Os Pássaros
Por Carlos Rizério
A minha mãe, Célia Rizério
Início de primavera em Poções. As andorinhas trissavam no azul escuro do céu de setembro. Com zelo e carinho, a mãe preparou os cinco filhos e os levou, pelas mãos, à tão esperada matinê de domingo no Cine Santo Antônio. D Célia havia olhado o título, e concluíra que seria um bom filme de aventuras, ideal para embarcar suas crianças em mais uma tarde cinemágica. Ao começar a fita, um ar de preocupação começa a rondar a mãe, o que ainda não era sentido pelas crianças, não iniciadas, nem tão vulneráveis como os adultos, ao clima provocado pelo mestre do suspense, Alfred Hitchcock.
Personagens surgem e se encontram em Bodega Bay, pequena cidade do litoral da Califórnia, lugar onde se desenrola a trama. À medida que o filme avança, um silêncio se apossa do cinema. A mãe pensa em sair, mas observa todo o envolvimento dos filhos e dos outros jovens com a história. Resolve ficar e mergulha, como todos ali, na magia da sétima arte. As cenas se sucedem num ritmo cadenciado, o lugar é misterioso, quase surreal. Sem motivo aparente, as aves começam a atacar a cidade em bandos cada vez mais numerosos, e depois recuam, e surgem novamente, ameaçadoras, determinadas a abater todos os que ali se encontram. Provocam pânico geral, dúvidas, fogo num posto de gasolina, atacam crianças numa escola, matam uma professora, um fazendeiro e finalmente, o clímax. Uma casa de madeira a beira mar, onde um grupo de pessoas, aterrorizadas, esperam o ataque final das aves, que avançam aos milhares, fazendo um barulho infernal, com bicos afiados como lâminas, a baterem nas paredes, telhados, portas e janelas. Na madrugada, uma trégua, silêncio. Rod Taylor, que faz o protagonista, abre a porta, bem devagar, e se depara com uma cena macabra: as primeiras e dramáticas luzes da alvorada revelam milhares de gaivotas e corvos, pousados em volta da casa, a ocuparem todos os espaços. Sai, em pequenos passos, cuidadosamente, até a garagem. Entra no carro, liga o rádio, ouve as notícias, volta e encoraja a todos a saírem e entrarem no veículo. Liga o automóvel e sai, em movimento reduzido, por entre milhões de aves, para então, tomar a estrada litorânea e sumir, deixando para trás a cidade entregue aos pássaros. Fim.
A maioria sai do cinema em silêncio. D Célia e os filhos, Carlinhos, Gina, Teca, Tinho e Nando, descem o Beco dos Artistas, atravessam a Praça Deocleciano Teixeira, passam pelo posto de gasolina de Miguel Labanca, percebem que não há ninguém, e seguem em direção à praça Góes Calmon. Ao chegarem à praça, onde moravam, tomam a direção da residência. A cidade estava calma, metafísica, era uma tarde diferente. Entram em casa, incólumes. Lá fora, pardais volteiam e pousam nos fios de tensão.
09/05/2011 (dia das mães)
Carlos Rizério, Filho e sobrevivente.
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quarta-feira, 4 de maio de 2011
Árido Movie será exibido neste sábado
Neste sábado (7) o Cineclube Tela em Transe exibe o Longa-Metragem nacional Árido Movie (2006, direção de Lírio Ferreira). A sessão começa às 19h30 na Câmara de Vereadores, com entrada franca.
Gravado em Pernambuco, o filme traz grandes atores do cinema brasileiro, como Selton Mello (Bob); Guilherme Weber (Jonas); Giulia Gam (Soledad); José Dumont (Zé Elétrico) e Matheus Nachtergaele (Salustiano).
Sinopse
Jonas (Guilherme Weber) é o repórter do tempo de uma grande rede de TV, que mora em São Paulo mas está rumo à sua cidade-natal, localizada no interior do nordeste. O motivo é a morte de seu pai (Paulo César Pereio), com quem teve pouquíssimo contato e que foi assassinado inesperadamente. Jonas enfrenta problemas para chegar à cidade, até que recebe carona de Soledad (Giulia Gam), uma videomaker que está fazendo um documentário sobre a água no sertão. Ao chegar ele encontra uma parte da família a qual não conhecia até então, que lhe cobra que se vingue da morte do pai.
Fonte: Adoro Cinema
http://www.adorocinema.com.br/
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